terça-feira, 21 de julho de 2015

Adolescência travessa: amizade que dá saudade

Laís Dahmer
Treze anos é uma idade marcante na adolescência. Esta é uma fase marcante na vida de qualquer pessoa. Quando começamos a vida adulta, começamos também a pensar em tudo o que nos aconteceu. Todos os momentos que passamos, amizades, travessuras, descobertas e diversos acontecimentos marcantes. Podemos dizer até que grande parte do que vivenciamos até os dezoito anos forma os adultos que seremos adiante.
Treze é a idade em que estamos quase saindo do ensino fundamental, é o quase lá. Alguns, é claro, estão com essa idade no final, mas a média de idade até onde eu sei é o treze. Insisto em falar do treze, pois, para mim, foi um período bem marcante. Lembro de que foram cerca de três anos de um trio praticamente inseparável. Foram anos onde muitas coisas aconteceram, onde descobrimos um mundo totalmente diferente e novo. Conheci pessoas que jamais imaginei ter contato e vivi acontecimentos que não imaginei que se passariam na cidade pequena onde cresci.
Na fase do Orkut e MSN, Mc Fly e Jonas Brothers, Haltclap e ALV, viajamos no tempo e no espaço descobrindo o nosso mundo em lugares diferentes do cotidiano. Em uma dessas viagens (físicas) fomos parar em outra cidade, a cerca de 40 km da nossa. Na beira da estrada passamos por um posto de gasolina e na lancheria do posto um lindo piano estava à venda. Como curiosidade de adolescente é quase que efervescente lá fomos nós “fuxicar” o tal instrumento. Porém, não deu muito certo e o fim da história não acabou tão bem assim.
Lembro-me que aos treze tínhamos comunidades no Orkut onde vivíamos outra vida. E estas eram as primeiras viagens citadas. Vivíamos os chamados “fakes”, onde nos transformávamos em personagens que tinham uma vida virtual. Tínhamos família, amigos, romances e todas as ações e atividades de uma vida normal eram descritas: ‘caminhando ‘comendo ‘sorrindo. E assim a gente conhecia outras pessoas que, ao longo do tempo, mostravam sua face real e se tornavam amigos de verdade. Claro que continuavam sendo virtuais, mas se apresentavam posteriormente com o verdadeiro nome.
Lembro-me que aos treze tínhamos comunidades no Orkut onde vivíamos outra vida. E estas eram as primeiras viagens citadas. Vivíamos os chamados “fakes”, onde nos transformávamos em personagens que tinham uma vida virtual.
Eu costumava viajar bastante com minhas amigas. Éramos um trio super unido, que fazia tudo junto e virava as madrugadas conversando.  Em uma das idas à casa dos avós de uma das gurias, em uma localidade do interior, gravamos nosso próprio filme andando pelos campos e contando nossas histórias. A trilha era a música Thinking of You, da Katy Perry.  Na parte da tarde saímos e passamos por um posto de gasolina na beira da estrada. Entramos para ir ao banheiro e nos fundos da sala de conveniência avistamos um piano. Lindo, brilhante, todo envernizado e com uma placa de vende-se. Fomos até lá, as três, e sentamos em frente dele. Abrimos a tampa que protegia o teclado e de repente “plaft”, ela se quebrou. Parecia tão forte e em instantes se mostrou frágil.
E, infelizmente, algum tempo depois, percebemos que assim foi a nossa amizade. Em uma fase era tudo tão intenso, e de repente tudo se desmanchou. Cada uma foi para um lado e aqueles momentos vividos ficaram apenas na memória de cada uma e, se tivéssemos preservado, também na do celular. Sempre me lembro disso quando escuto aquela música da Katy. Haltclap foi o nome da banda que pensávamos em criar. Criamos, mas apenas em pensamento. ALV era a nossa sigla, única, apenas nossa. E ambas as coisas ficaram no passado.

Restou a lembrança e “a tampa do piano quebrada no chão”.

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