Laís Dahmer
Treze
anos é uma idade marcante na adolescência. Esta é uma fase marcante na vida de
qualquer pessoa. Quando começamos a vida adulta, começamos também a pensar em
tudo o que nos aconteceu. Todos os momentos que passamos, amizades, travessuras,
descobertas e diversos acontecimentos marcantes. Podemos dizer até que grande
parte do que vivenciamos até os dezoito anos forma os adultos que seremos
adiante.
Treze
é a idade em que estamos quase saindo do ensino fundamental, é o quase lá.
Alguns, é claro, estão com essa idade no final, mas a média de idade até onde
eu sei é o treze. Insisto em falar do treze, pois, para mim, foi um período bem
marcante. Lembro de que foram cerca de três anos de um trio praticamente
inseparável. Foram anos onde muitas coisas aconteceram, onde descobrimos um
mundo totalmente diferente e novo. Conheci pessoas que jamais imaginei ter
contato e vivi acontecimentos que não imaginei que se passariam na cidade
pequena onde cresci.
Na
fase do Orkut e MSN, Mc Fly e Jonas Brothers, Haltclap e ALV, viajamos no tempo
e no espaço descobrindo o nosso mundo em lugares diferentes do cotidiano. Em
uma dessas viagens (físicas) fomos parar em outra cidade, a cerca de 40 km da
nossa. Na beira da estrada passamos por um posto de gasolina e na lancheria do
posto um lindo piano estava à venda. Como curiosidade de adolescente é quase
que efervescente lá fomos nós “fuxicar” o tal instrumento. Porém, não deu muito
certo e o fim da história não acabou tão bem assim.
Lembro-me
que aos treze tínhamos comunidades no Orkut onde vivíamos outra vida. E estas
eram as primeiras viagens citadas. Vivíamos os chamados “fakes”, onde nos
transformávamos em personagens que tinham uma vida virtual. Tínhamos família,
amigos, romances e todas as ações e atividades de uma vida normal eram
descritas: ‘caminhando ‘comendo ‘sorrindo. E assim a gente conhecia outras
pessoas que, ao longo do tempo, mostravam sua face real e se tornavam amigos de
verdade. Claro que continuavam sendo virtuais, mas se apresentavam posteriormente
com o verdadeiro nome.
Lembro-me que aos treze tínhamos comunidades no Orkut onde vivíamos outra vida. E estas eram as primeiras viagens citadas. Vivíamos os chamados “fakes”, onde nos transformávamos em personagens que tinham uma vida virtual.
Eu
costumava viajar bastante com minhas amigas. Éramos um trio super unido, que
fazia tudo junto e virava as madrugadas conversando. Em uma das idas à
casa dos avós de uma das gurias, em uma localidade do interior, gravamos nosso
próprio filme andando pelos campos e contando nossas histórias. A trilha era a
música Thinking of You, da Katy Perry. Na parte da tarde saímos e
passamos por um posto de gasolina na beira da estrada. Entramos para ir ao
banheiro e nos fundos da sala de conveniência avistamos um piano. Lindo,
brilhante, todo envernizado e com uma placa de vende-se. Fomos até lá, as três,
e sentamos em frente dele. Abrimos a tampa que protegia o teclado e de repente
“plaft”, ela se quebrou. Parecia tão forte e em instantes se mostrou frágil.
E,
infelizmente, algum tempo depois, percebemos que assim foi a nossa amizade. Em
uma fase era tudo tão intenso, e de repente tudo se desmanchou. Cada uma foi
para um lado e aqueles momentos vividos ficaram apenas na memória de cada uma
e, se tivéssemos preservado, também na do celular. Sempre me lembro disso
quando escuto aquela música da Katy. Haltclap foi o nome da banda que
pensávamos em criar. Criamos, mas apenas em pensamento. ALV era a nossa sigla,
única, apenas nossa. E ambas as coisas ficaram no passado.
Restou
a lembrança e “a tampa do piano quebrada no chão”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário