quarta-feira, 22 de julho de 2015

A viagem do desesperado

Alexandre Flôres Pereira
Certa vez vagando pela floresta, me perdi dos meus amigos. Sempre fazíamos nossas trilhas, em busca de aventuras e diversão, era o que nos interessava, a curiosidade nos atiçava, não havia muita coisa na época, não existia a tecnologia de hoje que pudesse nos prender em casa.
Naquele dia o céu fechou, uma tempestade parecia começar, por um descuido me perdi, procurei proteção, abrigo, saí da trilha, seguindo apenas meu instinto. Certo momento, tropeço numa pedra e caio no chão, então olho para frente e avisto uma casa abandonada.
Com a chuva que estava prestes a começar, adentrei no local, estava tudo escuro e cinzento, teias de aranha pelas paredes. Até aí nada me impressionava, era o que se esperava do local, havia um piano empoeirado, passei por ele e subi as escadas, me deparei com três portas.
As portas rangiam com o bater dos ventos que entravam pela janela aberta, nesse momento escuto uma voz estridente pronunciando: “Ié ié”, até que surge um espírito serelepe, um menino em corpo de homem que diz: “Eu sou Sergio Malllandro, e você está diante das Portas dos Desesperados”. Fiquei extasiado com o que estava acontecendo, não estava entendendo.
No instante em que abro a porta, vejo outro corredor, as paredes se mexiam, criavam imagens familiares para mim, lembranças da infância e acontecimentos que me marcaram na vida.
“Você está num caminho sem volta, uma dessas portas é o caminho para sua casa, as outras vão te levar para uma dimensão paralela”, a escada atrás de mim havia sumido, parecia que eu estava no espaço, num lugar escuro cheio de estrelas e cometas passando. “Escolha logo, qual porta você quer?” Cada porta tinha uma cor (azul, verde, vermelha). “Vou na verde”, eu falei.
No instante em que abro a porta, vejo outro corredor, as paredes se mexiam, criavam imagens familiares para mim, lembranças da infância e acontecimentos que me marcaram na vida. Aquilo tudo me deixou confuso e sem entender o que estava acontecendo, “Você pode reparar um erro do passado, gostaria disso?”, disse o espírito que saltitava de um lado para o outro.
Quem não gostaria? pensei eu. De repente acordo e estou presente na minha casa, uma semana antes do atual momento, encontro meu irmão no pátio de casa que me chama: “Ei, vamos jogar bola?” Ele chuta a bola que ganhei de aniversário em direção à rua, um carro passa por cima dela e a murcha.
De repente meu irmão muda de forma, e vira o Sergio Mallandro.
Fiquei muito brabo com o acontecido, fui em direção ao meu irmão e dei um soco no seu braço, ele chorou e saiu correndo em direção a casa. Pego minha bola, entro em de casa, ele estava sentado no sofá. Digo para ele: “Desculpa, mano, sei que não foi de propósito”. Ele me responde: “Eu também errei, sou um perna de pau mesmo”. Demos muitas risadas.
De repente meu irmão muda de forma, e vira o Sergio Mallandro. “Então, não é melhor pedir desculpas?”, nisso eu volto para o corredor, já com as escadas em seu devido lugar. Sergio Mallandro surge novamente e fala comigo: “Lembre-se, nunca afaste quem é importante de sua vida, repare seus erros e aprenda com eles. Agora pode ir embora”.

Desço das escadas e saio da casa, encontro meus amigos, nos abraçamos: “Cara, onde você estava?”. Respondi: “Me perdi na trilha, mas está tudo bem, vamos para casa”. Tudo o que aconteceu serviu de lição, seguir uma nova vida com atenção.

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