Alexandre Flôres Pereira
Certa
vez vagando pela floresta, me perdi dos meus amigos. Sempre fazíamos nossas
trilhas, em busca de aventuras e diversão, era o que nos interessava, a
curiosidade nos atiçava, não havia muita coisa na época, não existia a
tecnologia de hoje que pudesse nos prender em casa.
Naquele
dia o céu fechou, uma tempestade parecia começar, por um descuido me perdi,
procurei proteção, abrigo, saí da trilha, seguindo apenas meu instinto. Certo
momento, tropeço numa pedra e caio no chão, então olho para frente e avisto uma
casa abandonada.
Com
a chuva que estava prestes a começar, adentrei no local, estava tudo escuro e
cinzento, teias de aranha pelas paredes. Até aí nada me impressionava, era o
que se esperava do local, havia um piano empoeirado, passei por ele e subi as
escadas, me deparei com três portas.
As
portas rangiam com o bater dos ventos que entravam pela janela aberta, nesse
momento escuto uma voz estridente pronunciando: “Ié ié”, até que surge um
espírito serelepe, um menino em corpo de homem que diz: “Eu sou Sergio
Malllandro, e você está diante das Portas dos Desesperados”. Fiquei extasiado
com o que estava acontecendo, não estava entendendo.
No instante em que abro a porta, vejo outro corredor, as paredes se mexiam, criavam imagens familiares para mim, lembranças da infância e acontecimentos que me marcaram na vida.
“Você está
num caminho sem volta, uma dessas portas é o caminho para sua casa, as outras
vão te levar para uma dimensão paralela”, a escada atrás de mim havia sumido,
parecia que eu estava no espaço, num lugar escuro cheio de estrelas e cometas
passando. “Escolha logo, qual porta você quer?” Cada porta tinha uma cor (azul,
verde, vermelha). “Vou na verde”, eu falei.
No instante
em que abro a porta, vejo outro corredor, as paredes se mexiam, criavam imagens
familiares para mim, lembranças da infância e acontecimentos que me marcaram na
vida. Aquilo tudo me deixou confuso e sem entender o que estava acontecendo,
“Você pode reparar um erro do passado, gostaria disso?”, disse o espírito que
saltitava de um lado para o outro.
Quem não
gostaria? pensei eu. De repente acordo e estou presente na minha casa, uma
semana antes do atual momento, encontro meu irmão no pátio de casa que me
chama: “Ei, vamos jogar bola?” Ele chuta a bola que ganhei de aniversário em
direção à rua, um carro passa por cima dela e a murcha.
De repente meu irmão muda de forma, e vira o Sergio Mallandro.
Fiquei muito
brabo com o acontecido, fui em direção ao meu irmão e dei um soco no seu braço,
ele chorou e saiu correndo em direção a casa. Pego minha bola, entro em de
casa, ele estava sentado no sofá. Digo para ele: “Desculpa, mano, sei que não
foi de propósito”. Ele me responde: “Eu também errei, sou um perna de pau
mesmo”. Demos muitas risadas.
De repente
meu irmão muda de forma, e vira o Sergio Mallandro. “Então, não é melhor pedir
desculpas?”, nisso eu volto para o corredor, já com as escadas em seu devido
lugar. Sergio Mallandro surge novamente e fala comigo: “Lembre-se, nunca afaste
quem é importante de sua vida, repare seus erros e aprenda com eles. Agora pode
ir embora”.
Desço
das escadas e saio da casa, encontro meus amigos, nos abraçamos: “Cara, onde
você estava?”. Respondi: “Me perdi na trilha, mas está tudo bem, vamos para
casa”. Tudo o que aconteceu serviu de lição, seguir uma nova vida com atenção.
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